Uma mão ensanguentada lava a outra
Um
fenômeno crescente nos últimos meses tem chamado a atenção da sociedade
brasileira: o surgimento dos chamados “justiceiros” de bairro, pequenos grupos
de jovens fartos da ineficiência do estado que desesperadamente tentam fazer valer
a justiça pelas próprias mãos.
É
compreensível que – com a evidente impunidade da maioria esmagadora dos
delinquentes – exista esse clima de indignação e questionamentos: afinal, se
quem deveria proteger não consegue cumprir suas obrigações, quem o fará? Surge
então a figura do anti-herói, destemido e salvador – seria essa a solução. E
mesmo utilizando a violência, as ações seriam legítimas já que o sistema
vigente é falho.
Os
anseios da população são justificáveis até o ponto em que começamos a inversão
de valores: violência remete a mais violência. Por mais que isso pareça
questionável, o poder de punição não pertence a ninguém senão ao estado: é dever
dele analisar cada caso e definir a melhor resposta à ação violenta.
Precisamos
de um sistema penal mais abrangente – compatível com a atual realidade
brasileira – e ações repressoras mais efetivas. O próprio poder público muitas
vezes encontra-se infestado de corruptores que acabam por corroer a justiça.
Violência se resolve com políticas sociais que funcionem de verdade e que
realmente possibilitem a ascensão social de cada indivíduo. Mas é claro, isso
seria uma proposta de longo prazo: investir hoje para colher os resultados daqui
a muitos anos. Resta-nos esperar que mais mãos ensanguentadas não tenham que
entrar em ação cometendo mais barbaridades.
Bruno Guilherme Nomura
Estudante do 3º Ano do EM Colégio SESI Assaí
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