quinta-feira, 1 de maio de 2014

Artigo de opinião: Atualidades 1

Uma mão ensanguentada lava a outra

Um fenômeno crescente nos últimos meses tem chamado a atenção da sociedade brasileira: o surgimento dos chamados “justiceiros” de bairro, pequenos grupos de jovens fartos da ineficiência do estado que desesperadamente tentam fazer valer a justiça pelas próprias mãos.
É compreensível que – com a evidente impunidade da maioria esmagadora dos delinquentes – exista esse clima de indignação e questionamentos: afinal, se quem deveria proteger não consegue cumprir suas obrigações, quem o fará? Surge então a figura do anti-herói, destemido e salvador – seria essa a solução. E mesmo utilizando a violência, as ações seriam legítimas já que o sistema vigente é falho.
Os anseios da população são justificáveis até o ponto em que começamos a inversão de valores: violência remete a mais violência. Por mais que isso pareça questionável, o poder de punição não pertence a ninguém senão ao estado: é dever dele analisar cada caso e definir a melhor resposta à ação violenta.

Precisamos de um sistema penal mais abrangente – compatível com a atual realidade brasileira – e ações repressoras mais efetivas. O próprio poder público muitas vezes encontra-se infestado de corruptores que acabam por corroer a justiça. Violência se resolve com políticas sociais que funcionem de verdade e que realmente possibilitem a ascensão social de cada indivíduo. Mas é claro, isso seria uma proposta de longo prazo: investir hoje para colher os resultados daqui a muitos anos. Resta-nos esperar que mais mãos ensanguentadas não tenham que entrar em ação cometendo mais barbaridades.

Bruno Guilherme Nomura
Estudante do 3º Ano do EM Colégio SESI Assaí

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